7.º CASO (28/04/22)

7.º CASO (28/04/22)

Hoje trazemos um caso de uma paciente em indução por pré-eclâmpsia leve e que recebe tratamento com prostaglandinas e sulfato de magnésio. Falaremos de como estes fármacos podem afetar e como avaliar as alterações de variabilidade.

 

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Foi realizada uma cesariana urgente por SPBF. Nasce um recém-nascido do sexo masculino com g, APGAR e pHa 7,02/PHv 7,06. EBa -9,4, EBv -9,9.

COMENTÁRIO (podem ver o vídeo completo no Instagram):

1.º tramo do RCTG: FCFb congruente para a idade gestacional. Variabilidade reduzida. Cycling. RUPI (introduzimos o conceito de RUPI). Taquissistolia.

O Edwin pediu-nos que ponderássemos uma situação hipotética na qual estivéssemos os dois num ginásio e ele tivesse um colapso pulmonar parcial e eu não. Como é que ambos nos adaptaríamos ao stress hipóxico? Não, pois não?

–> A pré-eclâmpsia é uma situação semelhante no que diz respeito à placenta. Devido à afetação ao nível dos villi e devido a depósitos de fibrina, trombose e outras alterações, a função placentária está reduzida. Os bebés que a padeçam mostrarão mais cedo alterações com desacelerações tipo quimiorrecetor e RUPI.

 

2.º tramo do RCTG: FCFb estável e mantida. Aqui podemos observar cycling. Dinâmica uterina frequente.

Chama a atenção o facto de haver taquicardia materna de forma mantida.

–> Numa pré-eclâmpsia com taquicardia materna, em que é que teríamos de pensar.

*Falamos das alterações no RCTG quando há um DPPNI: Se for um descolamento total, veremos uma bradicardia. Mas se houver um descolamento parcial (20-40%), veremos desacelerações tipo quimiorrecetor e ausência de cycling. No período antenatal, é necessário que se tenha descolado 50% da placenta para que se vejam alterações no Doppler ou no RCTG, mas durante o trabalho de parto acrescenta-se que, ao haver contrações, há limitação brusca da entrada de oxigénio.

3.º tramo do RCTG: Administra-se, ao princípio, 1/2 ampola de Dolantina. TV: 1 cm de dilatação. Persiste linha basal estável e variabilidade reduzida. Há ausência de cycling.

Efeito da Dolantina (Meperidina, Petidina) ou Sulfato de magnésio: Diminuem a variabilidade SEM fazer desaparecer o cycling.

 

A partir daqui, mantém a diminuição de variabilidade e observa-se progressivamente o aparecimento de desacelerações tipo quimiorrecetor, com ausência de cycling.

–> Neste ponto, deveríamos continuar a ter cycling, apesar de estar sob medicação. Perante a perda de cycling e desacelerações tipo quimiorrecetor, deveríamos ponderar patologia. Não estamos perante um caso de fase descompensada de uma hipoxia progressiva. Também não sugere uma infeção. O que nos resta pensar numa paciente com pré-eclâmpsia é que tem uma reserva placentária reduzida e RUPI, sem poder descartar que tenha havido um descolamento parcial de placenta (não nos informaram que houvesse clínica sugestiva). 30% dos bebés que têm redução de variabilidade de forma mantida têm acidose metabólica.

 

Comentamos que se trata de “mild acidosis”. Com pH arterial e venoso muito próximo. E excesso de bases elevado.

 

Acabamos por falar do programa de TV inglês “I’m a celebrity get me out of here” –> Edwin fala que, quando há desaparecimento de cycling, redução de variabilidade e desacelerações tipo quimiorrecetor, “get me out of here”. Devem ser um alarme.

 

 

 

 

 

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